Interessado em compreender o psiquismo humano, Henri Wallon (1879-1962) concentrou seus estudos na criança por entender que é por meio dela que podemos ter acesso à gênese dos processos psíquicos. O autor adotou como base filosófica e metodológica o materialismo dialético e propôs a psicogênese da pessoa completa, ou estudo integrado do desenvolvimento, segundo a qual afeto, cognição, motricidade e pessoa compõem os campos funcionais que, integrados, constituem o sujeito ao longo de sua vida, mediados pelas interações sociais. O ser humano é, para Wallon, “geneticamente social”, contextualizado nas relações que vai estabelecendo com o meio, em permanente processo de constituição. Cada criança é única, quer em suas especificidades, quer em sua história e em seu devir. Ela nunca é: ela está. E as nossas mediações têm a potência de afetá-la e afetar o seu desenvolvimento, o “devir incessante do sujeito e do universo”.