A busca pela nascente do rio Nilo foi a empreitada mais cobiçada do século XIX, quando nações europeias lançaram expedições ao continente africano para expandir seus impérios coloniais. Eleito um dos melhores livros de 2022 pelo Washington Post, esta é a angustiante história de uma das maiores expedições de todos os tempos e seu complicado legado.

Em 1856, o soldado condecorado Richard Burton e o jovem aristocrata John Speke são enviados em uma expedição pela Royal Geographical Society para descobrir a localização da nascente do rio Nilo. Com personalidades diametralmente opostas, eles entram em confronto e passam inúmeras dificuldades até que uma traição abala em definitivo seu relacionamento. De volta à Inglaterra, eles menosprezam-se publicamente e saem em novas expedições a fim de reivindicar o crédito para si.
No entanto, um terceiro homem, cujas façanhas foram ainda mais impressionantes, costuma ser esquecido na história: Sidi Mubarak Bombay. Nascido em uma aldeia da África Oriental, ele foi vendido como escravo para a Índia na infância e, após conquistar sua alforria, retornou à África, tornando-se o guia de soldados como Burton e Speke. Sem Bombay e homens como ele, que efetivamente lideravam as expedições europeias, nenhum inglês teria chegado à nascente do Nilo, ou sequer sobrevivido.
A identidade de quem descobriu a fonte do Nilo parece trivial diante do enredo que Candice Millard destrincha: Rio dos deuses é envolvente porque faz justiça às psiques e ao comportamento de Burton, Speke e Bombay — pessoas profundamente falhas, mas cativantes.